Depois de quase 20 anos de carreira, Ronaldo Fenômeno anunciou sua aposentadoria.
Categoria - esporte - Por : Lay.Oliveira.
A posse de Dilma Rousseff na Presidência da República, em 1º de janeiro, levou 450 jornalistas à Brasília. Já para cobrir o anúncio da aposentadoria do atacante Ronaldo do futebol, 480 profissionais da imprensa se apresentaram no centro de treinamento do Corinthians na segunda-feira 14.
"Vou continuar jogando, só que no campo dos negócios, e vou fazer da 9ine a maior agência de marketing esportivo do mundo"
Ronaldo Nazário de Lima, empresário e ex-jogador de futebol
A figura de Ronaldo Nazário de Lima, anunciando sua despedida dos gramados, correu o mundo e com ela as marcas que apoiaram o jogador e seu time – Nike, Neo Química Genéricos, Bozzano, Avanço, Kaiser, Coca-Cola e TIM.
Não era só isso. No dia seguinte, jornais brasileiros de circulação nacional reproduziram anúncios de página inteira de marcas como Claro e grupo WPP (parceiro de Ronaldo na agência de marketing esportivo 9ine), agradecendo os feitos do craque em
campo, ao longo de quase 20 anos de carreira.
Mas o que significa para esses patrocinadores, e para o próprio Corinthians, perder o jogador reconhecido mundialmente como Fenônemo? “A depreciação da marca é inevitável”, afirma o CEO da consultoria britânica Brand Finance no Brasil, Gilson
Nunes.
Gol de placa: DINHEIRO antecipou a estratégia do empresário
Ronaldo na edição 675, de setembro de 2010
Segundo um estudo elaborado pela consultoria, a marca David Beckham valia US$ 545 milhões quando o jogador estava no auge da carreira. Hoje, com Beckham semiaposentado no Los Angeles Galaxy, nos Estados Unidos, a depreciação já chega a 20%.
Não é diferente com outro peso-pesado dos esportes, Michael Schumacher, cuja marca chegou a valer US$ 425 milhões em seus melhores momentos como piloto de F-1. Hoje, ela vale a metade.
Para chegar ao valor da marca de nomes como esses, os especialistas consideram a capacidade que têm de atrair patrocínios, vender artigos e gerar mídia espontânea. “Quando eles param, a capacidade que têm de movimentar dinheiro diminui com o tempo”,
diz Nunes.
Mas dá para comparar Beckham ou Schumacher com Ronaldo, o Fenômeno? “Claro que não”, responde categoricamente o presidente do grupo Ogilvy no Brasil, Sérgio Amado, representante do britânico WPP na parceria com Ronaldo na 9ine. Se depender do
Fenômeno o sócio pode ficar tranquilo.
“Vou continuar jogando, só que agora no campo dos negócios”, disse Ronaldo à DINHEIRO, enquanto oferecia um jantar ao lutador Anderson Silva, primeiro contratado da 9ine. “Vou transformar a agência na maior empresa de marketing esportivo do
mundo.”
As principais marcas vinculadas ao craque também são rápidas em dizer que nada muda na relação com o jogador, pelo menos por enquanto. É o caso da Nike com quem Ronaldo tem contrato de patrocínio vitalício desde os 17 anos de idade, que lhe rende mais
de US$ 1 milhão anualmente.
Para se ter uma ideia da importância que Ronaldo tem para a Nike basta saber que na sede da empresa, que costuma batizar os seus prédios com nomes de seus patrocinados mais importantes, como Michael Jordan e Pete Sampras, entre outros, só Ronaldo dá nome a um campo de futebol e tem direito a uma estátua com três metros de altura. “Ele continuará conosco por muitos anos”, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da Nike.
A Hypermarcas, que tem contrato com o Corinthians até dezembro, também diz não ter intenção de deixar o futebol. E é para manter o interesse de parceiros como ela que o Corinthians corre atrás de um substituto à altura do craque aposentado.
“Só perderemos dinheiro se não trouxermos uma estrela do mesmo nível dele”, disse o vice-presidente de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg. Com a contratação do jogador eleito por três vezes o melhor do mundo, o clube do Parque São Jorge fechou o maior patrocínio do futebol brasileiro.
Mais: os R$ 38 milhões que a Hypermarcas pagou em 2010 (o contrato foi renovado em 2011) para exibir suas marcas na camisa do time deu ao Corinthians o posto de quinto maior patrocínio no mundo do futebol, atrás apenas dos ingleses Manchester United e Liverpool e dos espanhóis Real Madrid e Barcelona (ex-clubes do Fenômeno).
Neste ano, a entrada de dinheiro está garantida e o Corinthians deve faturar R$ 200 milhões. Uma cifra fenomenal para os padrões do futebol brasileiro. Resta saber como será a vida do Timão sem sua maior estrela no futuro.
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