Quando pensamos em plantar uma árvore, é comum vir à mente uma cena em que uma cova mediana é cavada na terra para que uma muda seja instalada ali. Esse é mesmo um momento importante para aquela planta. Dependendo da espécie, aquela existência viva poderá durar ali quinhentos anos, ou mais. Ou melhor: desde que assim o permitam aqueles que viverem em seu redor, durante todos esses anos.
Pensando bem, contudo, essa cena "ecologicamente correta" já é um momento bastante avançado na vida daquela planta. A muda que costumamos "plantar" desta forma tem já coisa de 1m, pouco mais, ou menos. Afinal, fomos nós mesmos que "plantamos" aquela árvore? Sim, desde que isto signifique uma "adoção", isto é, um comprometimento com a vida daquela árvore. Mas não fomos nós mesmos que propiciamos que aquela planta nascesse.
Em processos de intervenção positiva do homem, plantar uma árvore efetivamente deveria incluir tratar a semente (se necessário), colocá-la em terra adequada e mantê-la úmida o suficiente para que o embrião germine. É para que haja um maior número de plantas que todo programa organizado de reflorestamento faz ao menos parte da germinação em saquinhos ou outros suportes, às vezes dentro de estufas, uma vez que é mais provável a germinação controlada.
Essa outra imagem, aliás, a imagem de profissionais especializados dentro de estufas que lembram laboratórios de um livro de ciências do ginásio aparece para o profissional de toda outra coisa como algo que não lhe compete. Assim, muita gente orgulha-se por ter plantado uma árvore, como de um filho que teve, quando na verdade foi responsável apenas por seu transplante. Já se fez uma boa coisa, como não? Mas muitas vezes não acumulamos qualquer responsabilidade pela vida que transplantamos. Porque também é comum pensarmos que isso deva ser feito por instâncias do poder público, ou pelos ciclos da natureza.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" - é o que diz a Raposa ao menino no livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Ali, na delicada aproximação com o esquivo cãozinho do mato, o menino aprende o que é a amizade. Plantas e animais pelos quais nós mesmos escolhemos nos responsabilizar talvez devessem receber essa natureza de respeito que as crianças menores ainda não esqueceram.
É bem verdade que uma árvore não precisa de um ser humano. Não depois de "pegada". Mas logo que colocamos uma planta na terra, quase sempre é preciso cuidado para a sua adaptação. Sua germinação não foi um processo natural, mas fruto de intervenção humana.
Assim, se transplantamos uma árvore já nos dispusemos a fazer alguma coisa. Mas fazer bem isso mesmo deveria incluir não nos esquecermos da localização do plantio, nem de observar a saúde da planta e garantir sua sobrevivência inicial. Nem sempre no início ela se garante sozinha.
Dar à árvore plantada o nome de seu filho ou irmão, no momento do transplante, ou envolver toda a família nisto, pode produzir laços simbólicos que certamente contribuirão para que a plantinha "pegue" e viva por muitos anos.
Comece também a pensar seriamente em efetivamente plantar uma árvore: ser um facilitador direto no processo de germinação de um embrião que poderá viver meio milênio!
Já seria um belo sentido para a vida! Experimente plantar uma, e logo plantará dezenas... Pode crer.
Categoria - natureza Por : Lay Oliveira ás 13:25
Pensando bem, contudo, essa cena "ecologicamente correta" já é um momento bastante avançado na vida daquela planta. A muda que costumamos "plantar" desta forma tem já coisa de 1m, pouco mais, ou menos. Afinal, fomos nós mesmos que "plantamos" aquela árvore? Sim, desde que isto signifique uma "adoção", isto é, um comprometimento com a vida daquela árvore. Mas não fomos nós mesmos que propiciamos que aquela planta nascesse.
Em processos de intervenção positiva do homem, plantar uma árvore efetivamente deveria incluir tratar a semente (se necessário), colocá-la em terra adequada e mantê-la úmida o suficiente para que o embrião germine. É para que haja um maior número de plantas que todo programa organizado de reflorestamento faz ao menos parte da germinação em saquinhos ou outros suportes, às vezes dentro de estufas, uma vez que é mais provável a germinação controlada.
Essa outra imagem, aliás, a imagem de profissionais especializados dentro de estufas que lembram laboratórios de um livro de ciências do ginásio aparece para o profissional de toda outra coisa como algo que não lhe compete. Assim, muita gente orgulha-se por ter plantado uma árvore, como de um filho que teve, quando na verdade foi responsável apenas por seu transplante. Já se fez uma boa coisa, como não? Mas muitas vezes não acumulamos qualquer responsabilidade pela vida que transplantamos. Porque também é comum pensarmos que isso deva ser feito por instâncias do poder público, ou pelos ciclos da natureza.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" - é o que diz a Raposa ao menino no livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Ali, na delicada aproximação com o esquivo cãozinho do mato, o menino aprende o que é a amizade. Plantas e animais pelos quais nós mesmos escolhemos nos responsabilizar talvez devessem receber essa natureza de respeito que as crianças menores ainda não esqueceram.
É bem verdade que uma árvore não precisa de um ser humano. Não depois de "pegada". Mas logo que colocamos uma planta na terra, quase sempre é preciso cuidado para a sua adaptação. Sua germinação não foi um processo natural, mas fruto de intervenção humana.
Assim, se transplantamos uma árvore já nos dispusemos a fazer alguma coisa. Mas fazer bem isso mesmo deveria incluir não nos esquecermos da localização do plantio, nem de observar a saúde da planta e garantir sua sobrevivência inicial. Nem sempre no início ela se garante sozinha.
Dar à árvore plantada o nome de seu filho ou irmão, no momento do transplante, ou envolver toda a família nisto, pode produzir laços simbólicos que certamente contribuirão para que a plantinha "pegue" e viva por muitos anos.
Comece também a pensar seriamente em efetivamente plantar uma árvore: ser um facilitador direto no processo de germinação de um embrião que poderá viver meio milênio!
Já seria um belo sentido para a vida! Experimente plantar uma, e logo plantará dezenas... Pode crer.
Categoria - natureza Por : Lay Oliveira ás 13:25
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