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7.4.11

Homem entra em escola, mata 12 alunos e se suicida

Atirador tinha 23 anos e era ex-aluno do colégio; feridas, 12 crianças estão internadas


Por volta das 8h de ontem, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, abriu um novo capítulo na triste história de violência do Rio ao disparar contra crianças de 12 a 14 anos na escola municipal onde estudou, em Realengo, na zona oeste. Cercado por PMs, Wellington foi baleado na perna e se matou com um tiro na cabeça.

Wellington matou dez meninas e dois meninos e feriu outras 12 crianças, que foram atendidas em hospitais públicos, como Albert Schweitzer, no mesmo bairro, e Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias (Baixada).

Uma delas, identificada como Taiane, levou três tiros e corre risco de paraplegia.

Falso palestrante

Armado de dois revólveres e com farta munição, ele conseguiu entrar na escola Tasso da Silveira na semana em que a escola celebra 40 anos e tem aberto as portas para que ex-alunos deem palestras. Reconhecido por uma professora, não teve problemas para entrar numa sala, em que 40 alunos assistiam a uma aula.

A partir daí, começou a atirar, provocando cenas de horror e corre-corre generalizado na escola, captadas em câmeras de vigilância e em celulares de estudantes e parentes.

Uniformes manchados de sangue, agonia de baleados e o início das cenas de desespero de pais, professores e amigos, à espera de notícias e do desfecho da tragédia, ocorrido na escadaria entre o segundo e o terceiro andares do prédio.

Três carros da PM que faziam uma blitz contra transportes ilegais a duas quadras dali atenderam ao chamado de um aluno ferido. O sargento da PM Márcio Alves encontrou Wellington e o baleou no abdome. Encurralado, o atirador mirou a própria cabeça e se matou.

Bom atirador, ele não tinha antecedentes

A habilidade com armas do assassino, que portava dois revólveres e não tinha antecedentes criminais, impressionou o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, comentarista da TV Globo.

"Ele baleou mais de 20 pessoas com revólveres calibre 38, que só têm seis tiros." Parte da rapidez se explica pelos 10 a 12 carregadores Speed Loader e Jet Loader que ele usou. Cada um carrega todas as seis munições de uma só vez, em vez de uma por uma. A polícia, que achou 22 balas não usadas, estima que Wellington tenha dado de 38 a 50 disparos.

Para Pimentel, ele pode ter aprendido a atirar com um conhecido. "Num clube de tiro, teria o nome registrado." Uma das armas tinha pintadas as iniciais de uma facção criminosa, segundo um aluno. 'Cumpri o meu dever', diz PM que virou herói

No meio da tragédia, o sargento da PM Márcio Alves viveu seu dia de herói. Abordado por crianças feridas quando participava de operação de trânsito próximo à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, chegou a tempo de balear o atirador e impedir mais mortes.

"No segundo andar, encontrei o meliante saindo de uma sala. Ele apontou a arma em minha direção, foi baleado, caiu na escada e cometeu suicídio logo após", contou Alves, há 18 anos na polícia, na entrevista coletiva.

'Sentimento de tristeza'

Chamado de herói pelo governador Sérgio Cabral, o PM se disse triste com o massacre: "Se tivesse chegado cinco minutos antes, teria evitado. O sentimento é de tristeza, mas também de dever cumprido". 'Eu escutava tiros, muitos tiros', diz menina de 12

Uma das alunas que acompanharam a ação do atirador fez um relato detalhado e impressionante em entrevista à Globo News. Jade Ramos, 12, fazia uma prova de ciências quando foi surpreendida.

"Ele entrou primeiro no primeiro andar, ele chegou falando assim: 'Vou matar vocês'. Eu escutava muitos tiros, muitos tiros, e um monte de crianças gritando", disse Jade, que conseguiu fugir da mira de Wellington Oliveira.

Tiros nos pés e na cabeça

Segundo o relato da aluna, em seguida o atirador foi para outro andar e, na escada, além de mandar as crianças ficarem de frente para a parede para que ele as executasse, atirava contra os pés delas para que não conseguissem fugir.

"Ele ia atirando no pé das crianças para elas não subirem, ia mandando as crianças virarem pra parede, dizendo que ele ia atirar nelas. Aí as crianças falavam: 'Não atira em mim, não atira em mim, por favor, por favor moço'. Aí ele ia lá e atirava na cabeça das crianças", contou Jade.

A aluna disse ainda que aproveitou o momento em que o atirador recarregava a arma para se esconder em uma sala de aula.

"O professor trancou a porta, botou cadeira, mesa, estante, o armário, caderno, tudo, aí mandou todo mundo abaixar. Ele abaixou também e vários alunos também estavam desmaiados na sala de aula, acontecendo um monte de coisa, gritavam, e o professor falava: 'Não gritem, não gritem, silêncio'."